Posso ter sido eu a desaparecer primeiro, mas enquanto sei que para ti tudo aconteceu há uma vida atrás e que provavelmente só te lembras de mim quando me vês de raspão, eu, por outro lado, penso mais vezes do que as que sou capaz de admitir nos porquês que ficaram por explicar e que era tarefa tua perguntar.
Se isso não é uma vitória tua, não sei o que será.
Categoria: Março 2016
A linha
Sentou-se, e ali ficou a olhar para o fundo do túnel. Observava aquela escuridão e via nela a única solução para todos os seus males. Não tinha nada a perder. Já não tinha mesmo nada que o prendesse ali. Tinha perdido nesse dia a única pessoa que contava para ele. Com ela desapareceu a última réstia de esperança num futuro. Ela tinha sido a única pessoa que nunca desistira dele, apesar de tudo o que tinha feito. Os roubos, os insultos, as bebedeiras, e por último a violência e a droga.
O caminho
Peguei na pequena embalagem dourada da L’oreal, abri e carimbei nos meus lábios o vermelho da paixão. É sexta-feira, o emprego que eu não queria ter fez com que as horas parecessem dias e agora vales-me tu, no teu Fiat 500 branco, o cavalo do príncipe encantado dos novos tempos.
O meu castelo
Eu ergui um castelo no mar,
Para fugir das leis que não reconheço,
Para não penar nas mãos dos que me querem levar,
A ser como eles ou então nada. E a qualquer preço.
Bilhete
Olhei a minha mala e pensei que nela ainda existia espaço para as tuas camisolas, quem sabe alguns dos teus livros e foi nesta ideia que escolhi o autocarro que estava à minha frente. Linha 9. O nove. Sempre o número pelo qual eu me regi para guardar memórias. As mesmas que tu esqueces-te e que nunca quiseste celebrar.
Uma pitada de aventura
Para juntar à constipação, as caminhadas pela natureza que a rodeava deixaram-na com uns belos pés cheios de feridas e com frieiras nas mãos, já que não estava à espera do frio que encontrou e não trazia consigo um casaco adequado. Desde o topo deste monte, viu Genebra e todo o terreno que teimosamente pisou ao longo dos dias anteriores e sorriu como uma idiota apercebendo-se do esplendor da vista com que estava a ser presenteada. Conseguia ver os Alpes! Os Alpes!
A Travessia
Rita, no auge da sua ingenuidade e provincianismo, imaginava a travessia do Tejo num pequeno barco a remos. A verdade é que nunca tinha ouvido falar sequer noutro tipo de barco e televisão era algo que a família não possuía.
Mundos
Há quem tenha mundos, de letra pequenina, mas enormes, gigantes. Impossíveis de prender e de agarrar, que rolam sem controlo e sem destino definido. […] E eu cheia de medo de cada vez que o meu mundo, pequeno e controlado, abana. Continue a ler “Mundos”
3.º capítulo do CPR – Março 2016
Olá! 🙂
Este mês propomos uma reanimação ligeiramente diferente: em vez de um tema, deixamo-vos algumas fotografias como “mote” para o texto de Março!
As fotografias “mote” são as seguintes:
(Fotografias de Catarina Sousa)
A ideia é que cada um escolha três destas fotografias como inspiração para o seu texto (seja quanto às personagens, ao espaço da narrativa, etc.) e crie o seu “tema CPR personalizado”. Desafiante, não? 🙂
Recapitulando – o desafio para Março é:
Escolher três destas fotografias como inspiração (as que quiserem e como quiserem!)
Esperamos que gostem deste desafio e fiquem tão entusiasmados como nós!
Bons textos e boas inspirações 🙂