A minha heroína secreta. Pensando bem, acho que a minha mãe sempre soube da minha admiração por ela. Mas o que tinha ela de especial para que eu a achasse uma super mulher?
Autor: Natália
À noite todos os gatos são pardos
Tinha jantado sozinha mais uma vez. Sentada no sofá, olhava para o livro sem o ver. As letras eram pequenos montes de tinta negra na página branca. Tentara tirar um sentido do parágrafo que estava a ler mas nada surgia no seu cérebro vazio. Algo tinha de mudar. Cada vez eram mais frequentes aqueles momentos de alienação quase completa. Momentos que acabavam num estado de puro pânico. Pânico de morrer sozinha. Depois de voltar a si, convencia-se que estava a ser dramática, mas a verdade é que algo tinha de mudar. Continue a ler “À noite todos os gatos são pardos”
Sem ar
Ouço-te respirar sofregamente,
o ar não te chega,
não tem lugar.
Escondes a tua dor,
e no silencio,
o monstro cresce,
sufoca-te devagar.
Procuro o teu olhar triste,
encontro incompreensão. Continue a ler “Sem ar”
La Belle Ferronière
Ela levantou-se para observar o resultado final, sabendo que não seria menos que extraordinário. Não se tinha enganado. Enquanto observava a pintura, o seu coração palpitava, num impulso segurou-lhe a mão para agradecer, beijou-a e encostou-a ao peito, num gesto que sabia provocador.
O Cartaz
Ao rever mentalmente, o tanto pelo qual se sentia grata, questionou o motivo pelo qual se estaria a questionar. Sabia que ninguém está feliz sempre, mas estar feliz e ser feliz são duas coisas muito distintas.
Sentido de Natal
Nesta vida, já não tentava compreender tudo, que isso só lhe trazia angustia. Decidira aceitar que o mundo não era perfeito, mas que apesar disso podia sempre contribuir com algo para o melhorar para alguém, nem que no resultado final, só o seu coração se sentisse um pouco mais quente, por ter feito algo bom.
O código
Faço aqui um aparte para dizer que sempre soube que eras mais bonita do que eu. Mais que bonita, exótica. Isso nunca me perturbou ou causou qualquer tipo de ciúmes. Quando andávamos juntas, a maioria dos rapazes olhava primeiro para ti, mas nunca foi problema, porque tínhamos gostos diferentes, personalidades diferentes, atributos diferentes. Além disso tínhamos o código.
Samhain
«Avistou-a através da pequena janela de vidro. O cabelo louro, a cabeça vergada, a ler um jornal. Enquanto olhava para ela, percebeu que sorria para si próprio.» “O Discípulo”, Hjorth & Rosenfeldt
Verdade ou consequência
Nunca se deve interferir nas relações alheias! Nunca! Esse era um dos seus lemas de vida. Um principio a seguir sempre, e sem excepção. Hoje vacilava. Pela primeira vez, tinha dúvidas acerca do que fazer. Pela primeira vez o coração queria falar mais alto que a razão.
O momento certo
Nunca era o momento certo. Nunca. Sempre que o tentara, certa de que era a melhor decisão apesar das consequências, o resultado tinha sido nulo. Mentira, nulo não. Tinha sofrido antes, durante e depois. De cada vez que o tentara sem o conseguir, era como se tivesse sido espancada na alma e com isso ela tivesse mirrado mais um pouco, encolhida na vergonha de se expor sem compreensão.